Primeiro procurei na meia.
Não estava lá, eu procurei, fucei, sacudi mas não te encontrei. Eu tinha certeza que estava ao lado daquela nota de cem reais que reservo na meia direita e que por ventura coloco na esquerda. Nem em uma nem em outra.
Mas como todo bom brasileiro, se não sou insistente sou também teimoso como uma mula, logo, continuo a te procurar. Minha esposa dorme profundamente, mas mula não tem sentimentos, e a cutuco.
- Amor.
- O que é? Estou dormindo.
- Você sabe onde coloquei?
- O que?
- Aquilo.
- Aquilo? Mas...
- É, aquilo que perdi faz um tempo...
- Ahhhhh... Aquilo, não sei, tenta ver se está no seu armário. Deixa Zzzzz... eu dormir... Zzzzzz...
Claro, só poderia ser no meu armário. Mas sabem o significado de caos? É, quem inventou esse termo obviamente foi no meu armário. Blusas, calças, camisas, camisetas, camisinhas, blocos de papel, ferramentas, pelos de gato (quando não os donos dos pelos)... Todos vivendo juntos, amontoados e na mais completa, profunda e estridente desarmonia e predispostos a cair sobre minha cabeça. Sempre que vou ali sinto a revolta de minhas coisas, como se milhares de olhos me encarassem alguns com revolta, muitos com medo.
- Olha, é o gordo.
- Reclama uma cueca.
- Lá vem ele de novo, dessa vez eu vou cair no pé dele. - Avisa uma chave de fenda.
- Lembra do martelo? - Interrompe uma blusa preta que de tão velha está branca.
- Lembro.
- Ele caiu no pé dele no verão de 1998...
- E?
- Você o viu mais alguma vez?
Só uma vez caiu algo em mim dessa minha desorganização. Um martelo. Por sorte não atingi ninguém quando o arremessei de casa. Nunca mais o vi, e espero continuar assim. Como de se esperar depois de cinco minutos de procura a pilha de coisas bagunçadas do armário se transformou na pilha de coisas bagunçadas do chão, dos móveis e da cama, criando um belo cenário que faria os cavaleiros do apocalipse baterem em casa para perguntar por João. Ainda assim, mesmo transformando o quarto em armário, nada foi encontrado.
- Opa, uma edição antiga de X-Men que tinha perdido!
- Comemoro.
- Amor, não consigo respirar, guarda isso e me salva... Sua camisa de escola está me sufocando!!!!
Recoloco as coisas dentro do armário, em uma nova posição e salvo minha esposa. Quando termino a revista que tinha achado volta pro desconhecido. Penso em procurar novamente, mas tenho a certeza de escutar cliques como os de armas do lado de dentro.
- Melhor fazer isso depois.
Onde mais procurar?
No banheiro encontro apenas os quilos que perdi com a dieta. Na cozinha encontro os novos quilos que virão. Na sala apenas o sofá, e embaixo dele também não. Penso no armário da minha esposa, mas tenho medo do que posso encontrar ali ou pior, de ser engolido e transformado em participante do BBB.
É.
Não foi dessa vez.
Desisto, abro o blogger e faço qualquer coisa, menos te encontrar.
Onde estará você, inspiração?
- O que é? Estou dormindo.
- Você sabe onde coloquei?
- O que?
- Aquilo.
- Aquilo? Mas...
- É, aquilo que perdi faz um tempo...
- Ahhhhh... Aquilo, não sei, tenta ver se está no seu armário. Deixa Zzzzz... eu dormir... Zzzzzz...
Claro, só poderia ser no meu armário. Mas sabem o significado de caos? É, quem inventou esse termo obviamente foi no meu armário. Blusas, calças, camisas, camisetas, camisinhas, blocos de papel, ferramentas, pelos de gato (quando não os donos dos pelos)... Todos vivendo juntos, amontoados e na mais completa, profunda e estridente desarmonia e predispostos a cair sobre minha cabeça. Sempre que vou ali sinto a revolta de minhas coisas, como se milhares de olhos me encarassem alguns com revolta, muitos com medo.
- Olha, é o gordo.
- Reclama uma cueca.
- Lá vem ele de novo, dessa vez eu vou cair no pé dele. - Avisa uma chave de fenda.
- Lembra do martelo? - Interrompe uma blusa preta que de tão velha está branca.
- Lembro.
- Ele caiu no pé dele no verão de 1998...
- E?
- Você o viu mais alguma vez?
Só uma vez caiu algo em mim dessa minha desorganização. Um martelo. Por sorte não atingi ninguém quando o arremessei de casa. Nunca mais o vi, e espero continuar assim. Como de se esperar depois de cinco minutos de procura a pilha de coisas bagunçadas do armário se transformou na pilha de coisas bagunçadas do chão, dos móveis e da cama, criando um belo cenário que faria os cavaleiros do apocalipse baterem em casa para perguntar por João. Ainda assim, mesmo transformando o quarto em armário, nada foi encontrado.
- Opa, uma edição antiga de X-Men que tinha perdido!
- Comemoro.
- Amor, não consigo respirar, guarda isso e me salva... Sua camisa de escola está me sufocando!!!!
Recoloco as coisas dentro do armário, em uma nova posição e salvo minha esposa. Quando termino a revista que tinha achado volta pro desconhecido. Penso em procurar novamente, mas tenho a certeza de escutar cliques como os de armas do lado de dentro.
- Melhor fazer isso depois.
Onde mais procurar?
No banheiro encontro apenas os quilos que perdi com a dieta. Na cozinha encontro os novos quilos que virão. Na sala apenas o sofá, e embaixo dele também não. Penso no armário da minha esposa, mas tenho medo do que posso encontrar ali ou pior, de ser engolido e transformado em participante do BBB.
É.
Não foi dessa vez.
Desisto, abro o blogger e faço qualquer coisa, menos te encontrar.
Onde estará você, inspiração?
Eu sei onde está sua inspiração.
ResponderExcluirSe quiser vê-la com vida novamente, apareça esta madrugada
Acho que vc encontrou algo... Se não foi inspiração, foi alguma parente dela. Pois o texto ficou chamativo. Tive que ler até o final pra saber que "caixas d'água" você procurava...
ResponderExcluirSe você encontrar, pergunta a ela se viu a minha por aí também...
ResponderExcluirUma boa construção de texto. Crônica fácil de ler, bem leve.
ResponderExcluirEscrever tem mais a ver com transpiração mesmo, sempre achei isso.
Dragus, mudei o endereço do blog mas adoraria continuar linkada a vcs...
www.compostodecarbono.blogspot.com